Cristine

"Este som que me incomoda
quase sempre, madrugada
um desejo que implora
minha linda namorada

Se mistura no seu beijo
seu suor, respiração
selvagem no cortejo
sou firme na paixão

Sou amante aspergindo
em teu peito o meu sangue
amor que vem sentindo
mãos na pele, excitante

Lua nova me ilumine
luz, esquenta meu verão
uma voz chama Cristine
neste céu sou gavião"

(Cristine - Denis Santana - 2015)

Kamicaze

"desisto, não sou kamicaze
desespero, rota de colisão
ferida se fecha com gaze
não caio, tenho um corrimão

nos olhos de mero andante
sorri e bebi dum vulcão
sofri como manada berrante
sufocado de uma erupção

não posso, sou renunciante
nas mãos, me envolve um vento
caio em prantos, dor torturante
não tem jeito, sou puro lamento

tão vazio está este pátio
no silêncio ruge um leão
há vozes e no fundo um rádio
que figura, morrer por arpão

respiro, desejo que arde
confesso, ouvir sua dicção
insisto, não sou kamicaze
sincero, sou seu guardião."

(Kamicaze - Denis Santana - 2015)

Lola

"Fico perdido, mão trêmula
olho para o céu, vejo azul
teu cheiro como bússola
inebria, costas para o sul

no caminho, chuto pedras
cabisbaixo com o fracasso
arando, caindo na cratera
fogo forjando em pedaços

me resta amizade, fantasiosa
apenas no rosto, mais um beijo
contato queima, pele vertiginosa
faísca, risco e fuga, devaneio

um nome, não sei, talvez Lola
no peito, com L num brazão
canto, danço, numa gôndola
tristeza fim, aspiro abolição."

(Lola - Denis Santana - 2015)

O amor é lindo

"o amor é lindo
como assim pode ser?
navegante do saber
este amor não é pra mim

o frio é vazio
como uma estrela viver
sozinha sobre o nada
pairar sobre o sofrer

as flores me rodeiam
num infinito sem fim
acredito no futuro
primavera mora em mim

tempo cinza, corre brisa
um chuvisco molha o ombro
orvalho pela tarde
me levando neste sonho

o amor é lindo
como assim pode ser?
vou vivendo e aderindo
olhos castanhos a reter"

(O amor é lindo - Denis Santana - 2015)

Resignante

"Entorpece no sono flamejante
folhas secas viram carvão
mato queima, fumaça chiante
errei, mas peço perdão

queixo trêmulo e soluçante
imploram por mera absolvição
nesta escravidão sou reinante
tenho em mente uma bifurcação

dum amor fui resignante
como pássaro num alçapão
perdido, animal rastejante
me prendes negando decisão

águia sábia de ataque farsante
tu és bela mas ages como camaleão
viajando pela flora verdejante
passeia enganando a paixão

estreante dum caminho estrelante
não preciso de prova e certidão
és uma louca diva alucinante
brincando de colecionar coração

sigo aqui quieto e zelante
apostando num cavalo azarão
sentimento cruel e tratante
que exala pura descompaixão"

(Resignante - Denis Santana - 2015)